A SUSTENTABILIDADE DO AGRONEGÓCIO
Estamos em 1990, na cidade de Palotina, vivíamos em uma pequena propriedade de terra. Eu , meus pais e meus seis irmãos.
Plantávamos de tudo um pouquinho: mandioca, alface, tomate, repolho. Também tínhamos um pequeno pomar de laranja, maça e o meu preferido um canteirinho de morangos .
Não posso esquecer de nossos animais: várias codorninhas que viviam em um viveiro ao lado do galinheiro, bem próximo ao quarteto de porcos e a vaca Mimosa.
Lembro-me que passava horas incomodando as minhocas do canteirinho de morangos.
Meu pai, meus avós e bisavós sempre moraram nessa terra e assim éramos preparados para continuar com ela.
Meu pai viveu feliz e trabalhando até seus 86 anos quando faleceu enquanto dormia.
Após quatro anos de sua morte os grandes desertos verdes, conhecidos como Plantações de Eucaliptos passaram a ser a única paisagem da região.
Tanto nós como nossos vizinhos não queríamos vender nossa terra, mas a vida ia tornando-se cada vez mais difícil.
O prefeito parou de enviar os ônibus escolares que buscavam as crianças para estudar na cidade. Assim, as crianças tinham que caminhar muitos quilômetros para estudar.
Wesley tinha 8 anos, quando sai para ir à escola pela última vez, ia brincando com seus irmãos pela beira da estrada e um caminhão carregado de toras de eucalipto o atropelou.
Minha vó Aparecida de Jesus, morreu com ele nesse dia, ficou devastada e não tinha mais animo.
As feiras também haviam sido diminuídas a pedido do prefeito. Assim, não conseguíamos vender nossos produtos.
Em compensação as feiras do agronegócio tomaram conta da cidade.
E assim foi, o Agronegócio, comprou nossas terras e aumentou a monocultura do eucalipto.
Meus irmãos trabalharam pouco tempo nos desertos verde, mas logo adoeceram por inalar agrotóxicos.
Compramos uma pequena casa na cidade que não comportava todos os animais, mesmo assim levamos as codornas que viviam em uma gaiola nos fundos de casa. O quarteto de porcos virou banha e carne congelada...
Mimosa teve mais sorte, ficou na terra de uns vizinhos, que semanalmente nós traziam litros de leite.
Hoje, meus irmão trabalham na construção civil , eu sou babá em meio período e minha mãe passa os dias sentada na sala lembrando que já foi feliz.
Não existe sustentabilidade com o Agronegócio existe sustentabilidade com o nosso serviço no campo.
Autora: Lívia F. Ortega da Costa (7ºB).
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